Outro dia, enquanto brincavam no pátio, algumas crianças recolheram algumas sementes que encontraram pelo chão. Quando me aproximei para ver o que era, imediatamente elas convidaram os colegas para observarem o “pauzinho que faz barulho”, conforme descrito por elas, e um diálogo animado se iniciou:
— Eu acho que isso é uma árvore – disse uma das crianças.
— Não! Minha mãe falou que é semente – respondeu outra.
— É a semente da árvore que fica na rua – explicou outra.
— Tem um barulhinho de cobra!
— Eu quero uma semente!
— Juju, ouve o barulho da cobra.
Registramos aquele momento e retornamos para sala levando as sementes. Ao chegarmos em sala iniciamos uma roda de conversa sobre o assunto, pois o grupo estava muito animado e curioso para ouvir o “barulho da cobra”. Mostrei para as crianças a foto de uma cobra cascavel e expliquei que na extremidade da sua cauda realmente tem um chocalho que faz um barulho parecido com o da semente da árvore que fica em frente à escola. Também coloquei um áudio de uma cascavel balançando o seu chocalho para as crianças ouvirem e foi surpreendente! Elas escutaram bem atentas e pediram para ouvir novamente várias vezes.
— Juju, coloca outra vez.
— Que barulhinho, fofo!
No outro dia convidei as crianças para irmos até a cerca de lápis de cor observar a árvore das sementes que elas encontraram no pátio. Ela tem o nome de Sibipiruna.
— Juju, a árvore é grande.
— Tem muitas folhas.
— Ela é marrom e verde.
Ao ver as crianças observando a Sibipiruna, após se inteirar do assunto a coordenadora Silvia relatou que o seu marido, Guilherme, recolheu várias sementes de Sibipiruna na porta do Recreio e plantou lá no jardim da sua casa. Ela também prometeu levar uma mudinha para a Turma das Cores. No dia seguinte, organizamos uma roda no pátio e as crianças convidaram a Silvia para participar. Ah! E ela tinha uma surpresa para as crianças!
— Juju, ela está vindo.
— O que será?
Quando a Sílvia chegou e apresentou a mudinha de Sibipiruna, as crianças ficaram encantadas. Elas também ficaram bem atentas às explicações e fizeram muitas perguntas. Após este momento, elas chegaram bem pertinho da plantinha. Algumas crianças queriam tocá-la e até mesmo segurá-la.
— Essa plantinha é pequena!
— Será que ela vai crescer?
— Ela precisa de água para crescer.
— Casca de laranja é bom!
As crianças agradeceram à Sílvia e pediram a ela para agradecer também ao Guilherme pelo presente, depois retornamos para a sala levando a mudinha de Sibipiruna. No dia seguinte, organizamos um cronograma para que todos soubessem em qual dia cada um iria molhar a plantinha e, desde então, as crianças têm cuidado dela com muito carinho.
Depois de alguns dias, durante uma roda de conversa, decidimos que nós também iríamos plantar as sementes de Sibipiruna encontradas no pátio. Então perguntei para turma o que seria preciso para realizarmos o plantio e as crianças responderam prontamente:
— Terra, Juju.
— A semente.
— Vasilha para colocar a terra.
— Joga a terra, a semente e coloca água.
Finalizamos a conversa e partimos para a prática. Entreguei uma vasilha com terra e as sementes para as crianças, depois dei a elas uma garrafinha com água para que pudessem fazer a primeira rega.
Agora estamos observando e cuidando das sementinhas para que, futuramente, as crianças possam levá-las para casa.
Para encerrarmos o projeto de estudos sobre as cobras, montamos na porta da sala uma exposição com os registros do que descobrimos durante todo processo investigativo.
Este projeto foi muito importante para o desenvolvimento e o aprendizado das crianças, que falam espontaneamente sobre suas descobertas, relatam com propriedade quando perguntadas sobre o assunto e ainda fazem perguntas sobre as cobras.
Ver o entusiasmo, o interesse e o desenvolvimento do grupo durante o estudo foi extremamente gratificante e prazeroso.
Certamente o PROJETO COBRA será inesquecível para todos nós!
Um abraço!
Professora Juliana Xavier
Fotos: Nathalia Rodrigues e Juliana Xavier
Vídeo: Nathalia Rodrigues