Vinte e dois dias se passaram e nada da nossa preguiçosa lagarta sair do seu casulo. As crianças já estavam ficando impacientes. Fiz uma pesquisa sobre o assunto e descobri que as borboletas demoram cerca de duas semanas para nascerem. Fiquei um pouco angustiada com a situação, pois a turma estava muito empolgada para ver a Dorotéia sair do casulo. Outra preocupação surgiu quando li que o casulo pode virar comida de outros bichos, como pequenas aranhas e formigas, durante as fases da metamorfose. Toquei o casulo com um palitinho e nada. Ele costumava se mexer quando era “cutucado”, mas naquele momento estava imóvel.
Iniciei uma roda de conversa com as crianças pronta para dar a notícia de que não seria possível ver a borboleta nascer na casinha que fizemos para ela.
— Turminha, já se passaram muitos dias, não é mesmo?
— Sim, Leca! A Dorotéia é muito dorminhoca!
— Acho que a Dorotéia não quer nascer aqui nesse potinho – falei para a turma. O que vocês acham de colocarmos o casulo na natureza para que a Dorotéia possa nascer e sair voando?
— Leca, é uma ótima ideia! – respondeu uma das crianças.
Depois de resolvido o assunto, deixei o potinho com o casulo circular mais uma vez na roda e, em seguida, o coloquei no armário. Estava decidido que na hora do pátio colocaríamos o casulo no jardim do Recreio. Quando estávamos nos preparando para uma atividade de pintura, notei um movimento estranho dentro do potinho. Me aproximei para ver o que era e percebi que o casulo estava se mexendo e que patinhas pretas da Dorotéia estavam começando a sair. Foi tão emocionante!
Rapidamente chamei as crianças para assistirem ao espetáculo que estava acontecendo. Fomos para o pátio e convidamos a Ruth, da comunicação do Recreio, e outras turmas para verem o nascimento da Dorotéia também. Todos estavam eufóricos! As crianças batiam palmas, se aglomeravam em volta do potinho e até cantavam para incentivá-la a sair do casulo. Depois de um tempinho, lentamente a borboleta foi saindo do casulo e mostrando as suas cores.
— Gente, ela é preta! E tem partes laranjas também! – disse uma criança.
— Voa borboleta! Voa! – gritaram várias outras.
Observamos a borboleta por um longo tempo, aguardando com ansiedade o momento do seu primeiro voo, mas nada dela voar. Suas asas estavam molhadas, pesadas e grudadas uma na outra. Já passava da hora do lanche das crianças, por isso, decidimos colocá-la na trepadeira do jardim. De tempos em tempos, voltávamos ao jardim para verificar se Dorotéia já havia batido as asinhas para o céu e lá estava ela, quietinha…
Depois de aproximadamente duas horas e meia, finalmente a borboleta levantou voo. Não deu para a turma acompanhar esse momento, mas conseguimos imaginar nossa Dorotéia muito feliz, voando pela Escola Recreio. A espera valeu a pena! As crianças da Turma do Trenzinho ficaram tão felizes com o episódio que contaram, com muita emoção, para todas as pessoas que encontraram pelo Recreio.
— Nossa lagarta virou borboleta!
— Ela fez xixi rosa!
— Ela fez cocô verde!
— Ela estava no potinho e começou a nascer. Aí a gente foi lá para fora com ela.
— As asas dela estavam presas.
— Ela estava demorando muito para voar e a gente foi lanchar.
— Levamos ela para a natureza, aí ela voou!
— Foi muito legal!
Acompanhar todo esse processo foi maravilhoso! A partir da observação do desenvolvimento do casulo muitas perguntas foram respondidas, mas muitas outras também surgiram. Agora, vamos continuar a nossa investigação e aprender mais sobre esse universo encantado das lagartas e das borboletas.
Muitos beijinhos da Turma do Trenzinho!
Professora Alexandra Ramos