No mês de fevereiro nossa turma teve uma visita muito inesperada em sala: uma lagarta! No início algumas crianças ficaram um pouco receosas, mas logo o receio foi substituído por uma grande curiosidade, pois a lagarta se pendurou de cabeça para baixo em um cantinho da sala.
— Ela vai cair.
— Não! Ela é forte.
O grupo ficou observando a lagarta durante toda manhã. No outro dia, ao chegarmos em sala, tivemos uma grande surpresa. A lagarta havia feito um casulo.
— Ela fez um casulo!
— Vai virar borboleta!
— Qual será a cor desta borboleta? – perguntei.
— Acho que será rosa.
— Vai ser azul e com bolinhas.
Cada um deu a sua sugestão e propus a todos que fizessem um desenho imaginando como seria a borboleta e qual seria a sua cor.
Todos os dias as crianças observavam o casulo ansiosas pelo nascimento da borboleta.
Então iniciamos uma discussão sobre como as lagartas se alimentam e um aluno perguntou:
— Quando a lagarta nasce ela come folhas, mas o que ela come quando está no casulo? Porque se não comer ela vai morrer, não é professora?
E ele ainda completou:
— Minha mãe me contou que quando ela estava grávida tudo que ela comia eu também comia.
Conversamos um pouco sobre como se dá a alimentação entre mãe e filho durante a gestação e, por meio de desenhos, mostrei ao grupo como é feito o transporte dos nutrientes. Também falei sobre a importância do umbigo.
Expliquei que os seres vivos que nascem da barriga (que tem placenta) se alimentam através do umbigo. Já os animais que nascem do ovo não têm umbigo, logo, só irão se alimentar quando saírem da casca do ovo. E o mesmo acontece com a borboleta. Ela come muito antes de fazer o casulo, enquanto ainda é uma lagarta. É por isso que ela aguenta ficar um tempo sem comer.
Essa conversa despertou no grupo um grande interesse pelo umbigo. Tanto que as crianças começaram a observar o próprio umbigo e, também, o umbigo dos colegas.
— Olha, o meu é um buraquinho.
— O meu é um buraquinho e tem uma bolinha dentro.
— O dele é diferente do meu, cabe a ponta do dedo lá dentro.
— Não tem nenhum igual!
Concordei com as crianças e expliquei que o nosso umbigo é único. Mesmo os irmãos gêmeos têm umbigos diferentes.
Depois de quase duas semanas observando o casulo, um dia as crianças perceberam que ele estava mais escuro.
— Olha, Alci, a pontinha do casulo está preta.
— Eu acho que vai nascer uma borboleta preta.
E qual foi a grande surpresa do dia? A borboleta começou a nascer!
As crianças ficaram eufóricas e fizemos uma roda para que pudéssemos observar ela sair de dentro do casulo. E os comentários foram os mais diversos:
— Nossa! Saiu um caldinho rosa.
— Ela nasce muito devagar.
— Olha, eu falei que ela ia ser preta.
— Mas tem um amarelinho dentro das asas.
— Ela é bonita.
— Será que ela já vai voar?
Como ela nasceu no fim da manhã, antes do feriado de Carnaval, a turma ficou preocupada pois a escola estaria fechada. Então, chamamos a professora do turno da tarde para pedir que ela e sua turma cuidassem da borboleta.
Ao retornarmos do feriado encontramos a borboleta ainda dentro da nossa sala. Imediatamente as crianças se preocuparam. Afinal, ela havia ficado presa dentro da sala todos aqueles dias.
— Vamos colocar ela no jardim.
— Será que ela está com fome?
— Vou pegar uma flor para ela.
— Mas ela não come flor.
— O que ela come de verdade?
Fomos pesquisar no Google e encontramos um vídeo (link anexo) que mostra o que as borboletas comem. Descobrimos que elas se alimentam basicamente de néctar e frutas.
Após assistirmos ao vídeo, sugeri ao grupo buscarmos uma fruta na cozinha do Recreio para oferecermos a ela. A borboleta pousou na laranja e ficou sobre ela por um bom tempo. Depois voou, pousou nas crianças, passeou pelas mãozinhas delas e, por fim, voou direto para o jardim.
Foi uma experiência incrível para o nosso grupo!
Um abraço!
Professora Alcione Aguiar
Imagens: Alcione Aguiar