Turma do Carinho recebe dicas para se proteger do Aedes Aegypti

Por: Ruth Martins

A preocupação da Escola Recreio em aumentar segurança das crianças no ambiente escolar fez com que a instituição ampliasse as medidas preventivas contra a picada do Aedes Aegypti. Com o aumento dos casos de doenças relacionadas ao mosquito, a Escola resolveu adotar uma medida simples, mas muito importante, para ajudar na proteção dos alunos. Pela primeira vez em 38 anos, os pais foram orientados a enviarem os repelentes de insetos, que habitualmente aplicam em suas crianças, para serem reaplicados durante a permanência delas na Escola. E grande foi a surpresa da professora do 2º Período do turno da tarde, Bruna Pellegrinelli, quando começou a aplicação do produto na turma. Várias dúvidas e questionamentos foram surgindo espontaneamente.

A ação transformou-se no assunto do dia na Turma do Carinho e as crianças mostraram que o tema precisa (e muito) de um olhar especial. Após muita conversa em sala e com o apoio da professora, os alunos sugeriram convidar um especialista no assunto para esclarecer o “X” da questão. Depois de inúmeras perguntas e poucas respostas, a aluna Maria Clara foi quem deu a solução: “Vamos chamar o meu pai para falar com a gente. Ele é médico de pele.”, sugeriu.

Definido o convidado, as crianças elaboraram, em conjunto, uma carta-convite ao pai da Maria Clara para uma reunião de esclarecimentos, que ele aceitou prontamente. Na tarde de segunda-feira, 22 de fevereiro, o dermatologista Gladstone Procópio Júnior, membro da Academia Brasileira de Dermatologia, visitou a Turma do Carinho e elucidou as dúvidas de todos.

foto1Saber que o mosquito transmite doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya, a maior parte da população já sabe, inclusive as crianças. Mas o que muitos ainda não sabem (e isso inclui os adultos também) é a maneira correta de aplicar os repelentes que estão disponíveis no mercado.

De acordo com Dr. Gladstone, as dúvidas quanto à maneira correta de aplicação do repelente são muito comuns, devido à falta de divulgação das orientações por parte de fabricantes e veículos de informação. “As informações a cerca dos produtos estão muito desencontradas e tem muita coisa nova no mercado também, ficando difícil para os pais se inteirarem rapidamente. Hoje existem três compostos químicos liberados pela ANVISA para uso no Brasil com indicações diferentes. Os repelentes à base de Icaridina, por exemplo, são indicados para gestantes, enquanto os que são à base de DEET, para maiores de dois anos. Já os que são à base de IR 3535 são indicados para crianças a partir de seis meses. Com tantas informações, é preciso a orientação de um profissional mesmo.”, esclareceu.

Com muita empolgação, as crianças abriram a reunião com uma chuva de perguntas:

— O pernilongo é um vampiro? – perguntou a Beatriz.
— Qual produto a gente pode passar primeiro? O repelente ou o protetor solar? – foi a vez da Marina perguntar.
— O Mosquito da Dengue gosta de piscina? – questionou Ana Luiza.
— O que o mosquito gosta de comer? Ele gosta de balas e chicletes? – soltou a Rafaela.
— Mas é bom rezar né? – sugeriu Maria Clara ao final.

foto2O Dr. Gladstone escutou atentamente todas as perguntas da Turma do Carinho e respondeu uma por uma, esclarecendo, por exemplo, qual o melhor horário e quantidade de aplicações diárias. “O ideal é que se passe o repelente na criança no início da manhã, no meio da tarde e uma hora antes de escurecer, que são os horários de maior incidência de picadas do mosquito. É importante lembrar que a criança deve tomar um banho antes de dormir para retirar o produto da pele.”, explicou o dermatologista, ressaltando que as crianças não devem aplicar o repelente, já que colocam as mãos nos olhos, boca e nariz e a substância acumulada nas mãos pode intoxicá-las. “Essa tarefa deve ficar a cargo dos adultos.”, concluiu.

Para a professora, Bruna Pellegrinelli, foi uma surpresa e tanto a maneira que o assunto rendeu em sala de aula e como a Turma do Carinho demonstrou capacidade de entender e retransmitir o assunto. “Me surpreendeu muito a ideia deles, de buscarem uma resposta para um assunto, que é tão atual, mas ao mesmo tempo tão obscuro. Eles pensarem em convidar uma outra pessoa para vir à escola e explicar o processo correto foi genial. Foi também uma surpresa a Maria Clara falar que o pai dela é dermatologista. As crianças repassaram as informações para a família com o mesmo entusiasmo que receberam e o retorno foi fantástico.”, declarou Bruna.

Confira algumas informações sobre os hábitos do Aedes Aegypti e dicas fundamentais para o uso do repelente e proteção da pele, de acordo com o dermatologista Gladstone Procópio Júnior:

  • Para crianças até 12 anos e gestantes, é recomendável o uso de repelente, no máximo, três vezes ao dia, preferindo aplicar ao acordar, no meio da tarde e um pouco antes de escurecer. O uso excessivo do produto é passível de intoxicação.
  • A criança não deve aplicar o repelente, ficando a cargo dos adultos essa função.
  • O repelente deve ser aplicado apenas nas áreas expostas ou sobre as roupas finas.
  • Em caso do uso de protetor solar ou hidrante em conjunto com o repelente, aplique por último o repelente.
  • Quando utilizar o produto no rosto, evitar a aplicação muito próxima dos olhos, mucosa do nariz e boca.
  • Em crianças até oito anos de idade, evitar aplicar nas mãos.
  • A criança deve tomar banho antes de dormir para retirar o produto da pele.
  • Não aplicar o repelente em crianças menores de seis meses de idade.
  • Os repelentes mais indicados para grávidas são os feitos a base das substâncias Icaridina ou IR 3535.
  • O único que pode ser utilizado em crianças de seis meses a dois anos de idade é o que é produzido à base de IR 3535.
  • Dê preferência para a proteção física como roupas claras, calças, blusas de mangas compridas, tênis e meias. Lembrem-se, os mosquitos gostam de picar os tornozelos, as pernas e os braços.
  • Em casa, pinte as paredes de cores claras.
  • Utilize telas de proteção nas portas e janelas.
  • Se a criança não tiver nenhuma alergia a componentes específicos ao produto, usar repelentes elétricos.
  • O mosquito Aedes Aegypti tem hábitos diurnos, com predileção pela picada no início da manhã e final da tarde.
  • Podem ser encontrados, principalmente, em ambientes baixos, como embaixo de sofás, camas e pés de cortinas.
  • As doenças virais transmitidas por estes mosquitos podem ter complicações sérias, como dengue hemorrágica, microcefalia e síndrome de Guillain-Barré.

foto3Substâncias liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso no Brasil:

  • Icaridina (Exemplo de produtos: Luvex Gold, Exposis Extreme ou Infantil);
  • Dietiltoluamida – DEET (Exemplo de produtos: Off Family Loção e Repelex Kids Gel);
  • Etilbutilacetilaminopropionato – EBAAP ou IR 3535 (Exemplo de produtos: Loção Antimosquito Johnson’s Baby e Repelente Infantil Turma da Mônica). 

 

 

 

 

 

 

Abaixo, desenhos feitos pelas crianças para o Dr. Gladstone:

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