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Cavalos muito diferentes…

Em mais uma roda de conversa sobre nosso projeto, uma criança comentou que o cavalo mais veloz é o da raça Puro Sangue Inglês. Esse nome super diferente despertou a curiosidade das outras crianças, que quiseram ver imagens desse cavalo.

Ao pesquisarmos sobre o Puro Sangue Inglês na internet, nos surpreendemos com a quantidade de raças de cavalos que existem. Por isso, decidimos pesquisar mais a fundo sobre o assunto e combinamos um dia para que todos trouxessem materiais de pesquisa para descobrirmos as curiosidades sobre cada raça.

As pesquisas trazidas pelas crianças, além de apresentarem imagens de várias raças de cavalos, também falavam sobre a personalidade de cada uma delas. A cada imagem que viam, as crianças perguntavam o nome da raça apresentada e se divertiam ao ouvir nomes diferentes como Andaluz, Percheron, Quarto de Milha, Mustang, Mangalarga Marchador…

A medida que as crianças descobriam as características de cada raça, logo iam identificando algumas semelhanças com a própria personalidade e até confundindo algumas particularidades da raça com seus gostos.

— Eu gosto do Puro Sangue Inglês porque ele corre muito rápido. Ele é o campeão da corrida!
— Eu gosto do cavalo que come doce.
— Não! Ele não come doce! Ele é dócil. Quer dizer que ele é mansinho.
— Eu gosto mais do que dá para passear.

Nessa pesquisa, descobrimos também que existem os cavalos que não têm uma raça definida. Estes são chamados de Rafeiros ou de Pangarés. Geralmente eles são utilizados nas fazendas como meio de transporte ou nos trabalhos agrícolas.

Então é isso pessoal! Nossa pesquisa continua a todo vapor. Em breve contamos as novidades!

Beijos da Turma do Cavalo!

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Norma culta – O uso da oralidade padrão na Educação Infantil

A equipe de educadoras da Escola Recreio participou do “Workshop: A modalidade da língua no exercício profissional”, ministrado pela professora Bianka de Andrade Silva, mestre em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais. O curso teve como objetivo principal reafirmar a importância do uso da norma-padrão do português no contexto da Educação Infantil e Fundamental.

De acordo com a professora Bianka, o uso da oralidade padrão na escola contribui para que as crianças compreendam as diferenças entre a linguagem formal e informal. A professora destacou que o educador deve buscar constante aperfeiçoamento e conhecimento da linguagem e de suas variações, pois, dessa forma, conseguirá exercer a sua fundamental tarefa que é a de preparar os alunos, desde a primeira infância, para a inserção nas esferas públicas de circulação social. “O trabalho com a Equipe Recreio confirmou a necessidade de estarmos sempre estudando para adequarmos a variante linguística ao contexto profissional, especialmente quando esse contexto é a docência, na qual está implicada a missão de ensino-aprendizagem.”, afirmou.

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A coordenadora pedagógica da Escola Recreio, Claudia de Paula, ressaltou a necessidade do profissional em refletir sobre o uso da norma culta, principalmente, no contexto da Educação Infantil. “Esse curso foi muito bom, pois permitiu à equipe fazer uma reflexão muito importante em relação aos usos da linguagem e sobre o quanto é importante a gente conversar em linguagem formal no contexto do Recreio, mesmo que nossas crianças sejam tão pequenas. Na verdade, o estudo foi centrado na linguagem oral, mas ele traz também uma reflexão sobre o nosso processo de escrita. É fundamental que a gente avance nesse quesito para que os pais possam compreender o que queremos dizer.”, avaliou.

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Clara Gontijo, estagiária do Recreio, reconheceu que, depois de participar do curso, passou a se corrigir e a pensar mais para falar corretamente. “Gostei muito da oportunidade de estudar a Língua Portuguesa, principalmente, porque é uma experiência que a gente não vai aproveitar apenas no trabalho e sim no nosso cotidiano. Muitas vezes a gente acaba falando de maneira coloquial em um lugar que não era para falar, por exemplo. O curso me ajudou a pensar sobre como devemos transmitir a informação que a gente tem corretamente.”. Clara também citou o preconceito em relação às variações linguísticas existentes no Brasil. “As pessoas acham que a fala do outro é errada, quando na verdade não é. A diversidade da língua deve ser respeitada.”, finalizou.

Para a diretora pedagógica do Recreio, Helena Mourão, o curso surpreendeu positivamente. “Nossa intenção, ao chamar a Bianka para ministrar o workshop sobre a linguagem oral, foi de oferecer para a Equipe, principalmente para aquelas que se preparam para assumir a regência, mais uma oportunidade de crescimento profissional. Entendendo o texto oral como fator de mobilidade social, resolvemos ampliar o entendimento da língua portuguesa em diferentes contextos. O curso nos surpreendeu positivamente! Nos emocionamos, nos divertimos e aprendemos muitas coisas importantes sobre a Língua Portuguesa. Que venham mais cursos como esse!”, explicou.

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Ao final do workshop, a professora Bianka de Andrade Silva agradeceu à equipe e elogiou o comprometimento das educadoras: “Os excelentes momentos de troca de conhecimentos de que desfrutamos nesse workshop só foram possíveis em função da grande receptividade das professoras da Escola Recreio, que se mostraram extremamente comprometidas com o exercício dessa profissão essencial. Partilhar saberes com um grupo assim, tão competente, recíproco e envolvido, foi, para mim, fonte de grande crescimento. Só tenho a agradecer a recepção generosa e a oportunidade de desenvolver um trabalho recompensador que, sem dúvida, marcou a minha carreira e me ofereceu grande aprendizado. Nas palavras de Guimarães Rosa, ‘Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende’.”, declarou.

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Do que os cavalos têm medo?

Depois que descobrimos como os cavalos dormem, uma nova dúvida surgiu. Na pesquisa anterior, vimos que os cavalos dormem de pé quando não estão se sentindo seguros. Uma das explicações para tal é a de que, às vezes, eles dormem assim porque precisam estar preparados para correr. Ao esclarecer essa questão, a turma ficou curiosa para saber: do que os cavalos têm medo?

Para responder a esse questionamento, decidimos pedir às famílias que nos ajudassem enviando material de pesquisa sobre o assunto. No dia combinado, as crianças trouxeram diversos materiais sobre o tema e a resposta para a pergunta surpreendeu a todos: os cavalos têm medo de cobra!

As crianças fizeram vários comentários a respeito:

— As cobras são venenosas e picam o pé do cavalo! Eles têm muito medo delas.
— Algumas cobras se enrolam no pescoço do cavalo, onde fica a crina.
— Eles sentem o cheiro da cobra.
— Eu também tenho medo de cobra!

Além dessa informação, vimos também que os cavalos se assustam facilmente com tudo. Até um rato pode assustá-los, se passar correndo perto deles. Eles se assustam com movimentos bruscos e também podem se assustar com sons altos. Os cavalos possuem um instinto que os fazem perceber o perigo. Quando isso acontece, eles fogem.

— Isso que eu disse! Eles sentem o cheiro do perigo!
— Os cavalos são muito espertos!

E foi assim que fizemos mais uma surpreendente descoberta sobre nossos queridos cavalos.

Beijinhos da Turma do Cavalo!

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Coleções de palavras no 2º Período

Coleções são divertidas e servem para muitas coisas. Ajudam a preservar um momento na lembrança, servem para resgatar a história dos temas preferidos, são úteis para brincar, para aprender a organizar, enfim, colecionar é uma atividade muito produtiva. Nessa prática tão antiga pode-se colecionar objetos interessantes, coisas diferentes e até mesmo palavras, muitas palavras.

Crianças de 2º Período adoram colecionar coisas. Por que então não aproveitar esse interesse para propor uma prática que exerce certo fascínio na infância, que é o ato de colecionar? A partir dos quatro anos de idade, cada descoberta intensifica o interesse das crianças pelas letras, pelos sons e pelas palavras. Trabalhando no 2º Período com uma coleção de palavras é possível conciliar a nossa intenção, que é ampliar o repertório de palavras das crianças na fase da alfabetização, com a construção de listas de palavras que sejam carregadas de sentidos para elas.

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A atividade é coletiva e não possui um tempo pré-determinado. A lista que compõe a coleção segue a ordem alfabética e as palavras são ditadas pelas próprias crianças. Depois de ditadas, três palavras da lista são escolhidas pelo grupo para serem representadas no papel por meio de escrita e desenho. Ao final, é montado um álbum individual com a coleção de palavras.

Outro benefício dessa atividade é que ela permite trabalhar em roda a escuta, além de ajudar na evolução da hipótese de escrita do grupo por meio da associação fonológica. O trabalho com a coleção de palavras ainda amplia significativamente o vocabulário e melhora muito o desenho das crianças.

Um abraço!

Professoras: Carolina Bahia, Dedete Bentes e Maria Alice Brasil

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O 2º Período já sabe o que quer estudar em 2017

Desde o início do ano, a turma do 2º Período – turno da tarde – já pedia para estudar sobre o Egito. Fiquei muito intrigada com a insistência do grupo, mas pensei: puxa, que turma determinada! Eles já sabem o que querem estudar! Por outro lado, eu pensava: por que será que as crianças já têm um tema na ponta da língua?

Decidi então investigar o assunto e tive a ideia de conversar sobre isso com a professora anterior da turma, a Sônia, que já conhecia bem esse grupo. Então descobri que, no ano passado, durante a votação para escolher o que queriam estudar, o tema “derrotado” foi o Egito. Logo, percebi que esse era um desejo antigo das crianças.

A turma apresentou argumentos para a escolha (que foi muito rápida) dizendo que, este ano, seria a vez do grupo que “perdeu” escolher o tema que gostariam de estudar. E todos concordaram com a ideia.

Argumentações aceitas e desejos escutados, iniciamos uma discussão em roda para descobrirmos o que realmente o grupo quer saber sobre o Egito. Após nossa conversa, as crianças já apresentaram algumas dúvidas:

— Como é o Egito? Ele só tem areia? Tem coco? Tem palmeiras?
— Como é o rio Nilo?
— O que os faraós faziam? Eles viajavam?
— Onde moravam os faraós?
— Para que servem as esfinges?

Agora, temos um longo caminho a percorrer e vamos precisar da ajuda das famílias. Em breve, pediremos que enviem todo tipo de material sobre o Egito que possa enriquecer o nosso projeto de estudos. Fiquem ligados.

Um abraço!

Professora Maria Alice

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* Relato da professora Maria Alice Duarte Brasil – 2º Período – turno da tarde.

A IMPORTÂNCIA DA RODA NA ESCOLA

A roda é uma atividade permanente na Educação Infantil, ou seja, faz parte da rotina diária das crianças, podendo ocorrer mais de uma vez ao dia. Ela cria a possibilidade de todos poderem se ver, estarem corporalmente de frente uns para os outros e, assim, favorece as relações de interação entre os alunos e o professor. Além disso, é um momento de centralização das atividades do dia. É nela que ocorre a exploração de um tema, a construção de regras e, essencialmente, jogos e brincadeiras. O que é significativo para as crianças pode ser levado como objeto a ser investigado, estudado e aprendido.

Mas como formar o hábito de construção de roda com crianças de maternal? É fundamental que o professor seja envolvente e cuidadoso, e que aborde questões significativas para o grupo. Veja-se o exemplo de como iniciei este trabalho com crianças de 2 anos… Tudo começou com músicas e brincadeiras, entre elas a canção do Pintinho Amarelinho, que foi bem marcante para o grupo. Enquanto cantavam e brincavam, eu desenhava um pintinho na palma da mão das crianças e, no dedo indicador, olhinhos e boca, que na brincadeira se transformava em minhoca. Alguns alunos começaram a utilizar esse recurso para buscar se aproximar uns dos outros e também de mim já na chegada à escola. Atenta à situação, eu acrescentei uma diversidade de recursos, tais como: mudanças no tom de voz, movimentos corporais, fantoches, saco-surpresa, objetos e músicas cantadas com ritmos variados para alcançar o objetivo, que era formar a roda. Aos poucos, naturalmente, as crianças foram internalizando a cultura da roda e quando eu menos esperava, numa simples canção, a roda estava formada, ora de pé, ora assentada, ora parada ou em movimento.

O mais importante é aproximar as crianças e mantê-las juntas, participando do trabalho. Dessa forma, as crianças vão entendendo a função da roda e exercitando a cultura de nossos ancestrais, que se utilizavam desse hábito para festejar, comemorar, reunir. Momentos esses de muito aprendizado e transmissão de conhecimentos, transcendendo gerações e etnias.

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Antônia Gomes Xavier

Maio de 2015

*Pós graduada em Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais, graduada em Normal Superior pela PUC Minas e professora de Educação Infantil na Escola Recreio e na Unidade Municipal de Educação Infantil, em Belo Horizonte, MG.

 

Trabalhando em Equipe

“Na família e na vida profissional e social, é preciso saber se expressar, consultar, questionar, fazer planos, tomar decisões, estabelecer compromissos e partilhar tarefas.”
(Luís Carlos de Menezes)

Ao ingressarem no 1º período, as crianças ainda estão bastante centradas em si mesmas. Esse egocentrismo é característico da fase que estão vivendo. Apesar de serem estimulados a trabalhar cooperativamente desde a mais tenra infância, isso ainda é um desafio para os pequenos. Por isso, na Escola Recreio, várias atividades, brincadeiras e jogos são realizados com o objetivo de estimular esse tipo de atitude.

Na Turma do 1º período de 2014, conhecida como Turma do Lápis, as relações das crianças foram permeadas pelo cuidado com o outro, pela partilha e por trabalhos em grupo. Uma das frases mais usadas ao longo do ano foi: “Nós somos uma equipe, né Soninha?”.

Para que as crianças pudessem chegar a uma conclusão dessas sem a intervenção direta da professora, as crianças passaram por inúmeras situações, nas quais tiveram que se reorganizar para poderem compartilhar e trabalhar conjuntamente, em pares ou com o grupo todo.

Jogos com regras, votações, compartilhar os brinquedos da sala, fazer construções coletivas, ajudar o colega em situações de conflito e atentar-se ao sentimento do outro, dando-lhe apoio e carinho foram algumas das estratégias usadas para que eles pudessem agir de modo cooperativo. Foram várias as situações, em que eles conseguiram demonstrar o novo aprendizado. Por exemplo: nas brincadeiras livres dentro de sala, uma das coisas que eles gostavam de fazer era realizar construções coletivas. Nos jogos, também era comum ouvir reclamações das crianças quando um colega descuidava-se das regras. Mesmo em relação aos combinados da sala, foi muito comum, durante todo o ano, eles buscarem a “Pasta de Regras” para mostrar aos amigos quando um deles se esquecia do que havia sido estabelecido pelo grupo.

É claro que houve situações nas quais a cooperação foi deixada de lado e a intervenção da professora se fez necessária, afinal, são crianças de 4 e 5 anos.

Para melhor conceituar este relato, busquei referências em Henry Wallon. Ele enfatiza o papel das emoções na construção do sujeito e propõe a “Psicogênese da pessoa completa”, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento. Baseando-se nisso, Izabel Galvão (1995) apresenta cinco estágios de desenvolvimento do ser humano que se sucedem, em fases com predominância afetiva e cognitiva:

• Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas que mediam sua relação com o mundo físico;
• Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da preensão dá à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental “projeta-se” em atos motores. Como diz Dantas (1992), para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor;
• Personalismo: ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
• Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;
• Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.

Destaco o estágio do Personalismo, pois esse apresenta o desenvolvimento de crianças na faixa etária com a qual trabalho. Acredito que a meninada da Turma do Lápis conseguiu consolidar um pouco mais o conceito de Cooperação a partir das experiências vividas. De minha parte, como professora, pude observar e mediar as relações estabelecidas entre elas promovendo, também em mim, mais atenção e cuidados com o outro.

Atitudes básicas, mas frequentemente esquecidas nos tempos em que vivemos.

Sônia Godoy¹
Dez. 2014.

Referências bibliográficas.

– http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aprendizado-trabalho-grupo-451879.shtml
– http://psicologandonanet.blogspot.com.br/2008/03/teorias-de-desenvolvimento-henri-wallon.html

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¹ Sônia Maria Amorim de Godoy Goulart é professora de Educação Infantil na Escola Recreio, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Com formação em Psicologia e Especialização em Educação Infantil e Alfabetização. Possui mais de 20 anos de experiência.